A relação e o paradoxo no conservadorismo moderno: contribuições teóricas de Kirk e Scruton
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v12.5993Resumo
Este artigo examina as incertezas ainda persistentes no debate acerca da gênese da conjuntura sociopolítica contemporânea, propondo que a compreensão do conservadorismo demanda uma abordagem de natureza paradoxal-relacional. Parte-se da premissa de que o conservadorismo, enquanto fenômeno político e cultural, não pode ser apreendido por meio de categorias estanques ou por definições conceituais rigidamente delimitadas. O enfrentamento das ambiguidades teóricas que permeiam esse campo de pensamento é impulsionado pela articulação de múltiplos processos socioculturais, históricos e discursivos, que, ao interagirem de maneira complexa, evidenciam a fluidez constitutiva do próprio objeto de análise. Neste sentido, o conservadorismo é abordado não como um sistema de ideias coeso e unívoco, mas como um campo de forças heterogêneo, atravessado por contradições, deslocamentos e tensões internas. A hipótese central sustenta a inviabilidade de uma definição conceitual monolítica, o que implica reconhecer que o sujeito que se identifica como conservador é constantemente interpelado pelos próprios elementos que estruturam e, simultaneamente, desestabilizam sua identidade. Para investigar essa questão, adotou-se a metodologia do estudo de caso único, com foco nas contribuições de Russell Kirk (2013, 2021) e Roger Scruton (2014, 2019), autores centrais na formulação do pensamento conservador contemporâneo. Argumenta-se que, no interior da lógica conservadora, o sujeito não se configura como mero refém das contradições conceituais que o atravessam, uma vez que sua autoimagem e sua prática discursiva não necessariamente correspondem à totalidade representacional de seu posicionamento ideológico. Ao contrário, a compreensão do conservadorismo requer o reconhecimento de sua natureza performativa e relacional, situada em um campo de disputas simbólicas e políticas que desafia qualquer tentativa de fixação conceitual definitiva.
Palavras-chave: conservadorismo; paradoxal-relacional; emergência; tensões conceituais.
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