O paradoxo da proteção: segurança, direitos fundamentais e o avanço das políticas de reconhecimento facial sem regulação

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DOI:

https://doi.org/10.24302/prof.v12.5797

Resumo

O estudo analisa a regulação de tecnologias de videomonitoramento no Brasil, com foco no uso do reconhecimento facial e suas implicações para a segurança pública e os direitos fundamentais. A pesquisa parte do problema: como o Estado brasileiro pode equilibrar a eficiência tecnológica do reconhecimento facial na segurança pública com a proteção de direitos fundamentais, diante da ausência de regulamentação específica e lacunas em transparência, accountability e governança? Utilizando o método dedutivo e o método bibliográfico, a investigação se fundamenta na perspectiva foucaultiana para analisar o papel ambivalente do Estado, que, ao mesmo tempo em que protege direitos fundamentais, expande seu poder em nome da segurança pública. A ausência de regulamentação específica para o reconhecimento facial expõe práticas discriminatórias, alimentadas por vieses algorítmicos e pela apropriação de dados pela iniciativa privada, desafiando os princípios democráticos. A governança, pautada na transparência ativa e passiva, é apresentada como essencial para legitimar o uso dessa tecnologia. Contudo, índices baixos de transparência demonstram a implementação opaca e sem supervisão adequada. O estudo também critica o capitalismo de vigilância, que mercantiliza dados pessoais e instrumentaliza o comportamento humano, aprofundando desigualdades sociais. Conclui-se que o Estado deve equilibrar a eficiência tecnológica com a proteção dos direitos fundamentais, garantindo que o reconhecimento facial seja usado de forma ética, transparente e respeitosa à dignidade humana, evitando a perpetuação de desigualdades.

Palavras-chave: governança; reconhecimento facial; segurança pública; pós-democracia.

Biografia do Autor

  • Hendrisy Araujo Duarte, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    Mestra em Direito (UFSM). Mestranda em Políticas Públicas (UNIPAMPA). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Gênero, Ética, Educação e Política (GEEP/UNIPAMPA) e do Centro de Estudos e Pesquisas em Direito e Internet (CEPEDI/UFSM). Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal pela Verbo Educacional. Bacharela em Direito (FADISMA). Rio Grande do Sul. Brasil.

  • Rafael Santos de Oliveira, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, na área de concentração em Relações Internacionais, com período de realização de Estágio de Doutorado com bolsa da CAPES na Università Degli Studi di Padova - Itália. Professor Associado I no Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em regime de dedicação exclusiva e no Programa de Pós-Graduação em Direito da UFSM (Mestrado). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Maria. Coordenador do CEPEDI (Centro de Estudos e Pesquisas em Direito e Internet).

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Publicado

2025-10-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

DUARTE, Hendrisy Araujo; OLIVEIRA, Rafael Santos de. O paradoxo da proteção: segurança, direitos fundamentais e o avanço das políticas de reconhecimento facial sem regulação. Profanações, [S. l.], v. 12, p. 796–837, 2025. DOI: 10.24302/prof.v12.5797. Disponível em: https://www.periodicos.unc.br/index.php/prof/article/view/5797. Acesso em: 26 out. 2025.