Os pêssegos não caem do céu

relações de trabalho e agricultura familiar na região de Pelotas-RS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24302/drd.v10i0.2710

Resumo

Um dos traços fundamentais que definem a agricultura familiar é a centralidade do trabalho doméstico nos processos produtivos. Todavia, claras são as evidências de que as mutações demográficas, sobretudo o processo de envelhecimento da força de trabalho rural, trazem consigo uma série de desdobramentos sobre o modo como operam hoje tais explorações, ameaçando sua continuidade. Esse fenômeno impacta fortemente os estados meridionais do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul. É no extremo sul gaúcho que a cultura do pêssego foi implantada no século XIX por imigrantes europeus, a qual é majoritariamente conduzida em explorações familiares. A produção tanto pode ser destinada para fabricação de compotas como para o consumo in natura. Trata-se de cultivo que ocupa um grande número de trabalhadores externos (safristas) nas operações de poda, raleio e especialmente colheita. Não obstante, nos últimos anos há um flagrante descenso na disponibilidade dessa mão de obra rural por conta das transformações gerais que incidem sobre o campo. O objetivo central desse artigo é analisar as relações de trabalho tecidas entre produtores familiares e os trabalhadores empregados durante o ciclo do pêssego. A investigação envolveu a realização de vinte entrevistas em profundidade e de outras técnicas de pesquisa. O estudo trouxe à luz a invisibilidade das relações tecidas entre produtores e a força de trabalho empregada durante o ciclo produtivo, as regras que regem o seu funcionamento, as formas de contratação, condições oferecidas aos trabalhadores e a importância da agricultura familiar como empregadora e geradora de renda rural.

Palavras-chave: Agricultura familiar. Força de trabalho rural. Persicultura. Pluriatividade.

Biografia do Autor

Patrícia Schneider Severo, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Doutora em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (2018), Professora da Universidade Federal do Pampa. Jaguarão - RS - Brasil.

Flávio Sacco dos Anjos, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Doutor em Sociologia pela Universidade de Córdoba, Espanha (2000), Professor da Universidade Federal de Pelotas, no Departamento de Ciências Sociais Agrárias da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Pelotas - RS - Brasil.

Fernanda Novo da Silva, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Doutora em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (2013), Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Políticas Públicas para a Agricultura Familiar, no Departamento de Ciências Sociais Agrárias da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Pelotas - RS - Brasil.

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Publicado

2020-04-23

Como Citar

Severo, P. S., dos Anjos, F. S., & Silva, F. N. da. (2020). Os pêssegos não caem do céu: relações de trabalho e agricultura familiar na região de Pelotas-RS. DRd - Desenvolvimento Regional Em Debate, 10, 137–160. https://doi.org/10.24302/drd.v10i0.2710

Edição

Seção

Artigos